Memorial Kimura – Maringá

Maringá

A presença japonesa no Paraná, apesar de iniciada nos primeiros anos do século XX na região Sul, está sempre associada à região Norte do Paraná, para onde se deslocaram, a partir de 1914, grandes levas de imigrantes japoneses oriundos do Estado de São Paulo, provavelmente atraídos pela fertilidade do solo norte-paranaense. A importância da preservação da memória da presença japonesa na formação do norte do Paraná e a própria história da região, foi a motivação da criação do Memorial Kimura, sediado na propriedade rural adquirida através da Companhia Melhoramentos, empresa colonizadora de Maringá, pelo imigrante Sangoro Kimura que entrou na região em 1947, quando foi fundado o distrito de Maringá.

A colonização do Norte do Paraná foi resultado de uma frente de expansão empreendida pela Companhia de Terras Norte do Paraná a partir da década de 1920. A ocupação do Norte Novo de Maringá, ocorreu nos anos 30 e resultou na criação do município de Maringá em 1951. A propriedade é formada por um conjunto de edificações originais que compõem a visitação do “Memorial Kimura”: Antiga moradia da família Kimura, uma casa de madeira construída logo após a aquisição da propriedade; Casarão em alvenaria, edificado por um construtor iugoslavo no final da década de 1940; Primeira escola da região, construída por Sangoro Kimura; Tulha de café e oTerreirão de secagem dos grãos.

O projeto do Memorial é uma iniciativa de Mario Kimura e seus irmãos, filhos do imigrante japonês Sangoro Kimura. Com recursos próprios, restauraram o casarão, a escola e a tulha de café, impulsionado pela vontade de preservar, ao menos, alguns fragmentos da história da região que, não obstante a pouca idade, perde-se rapidamente.

O propósito do Memorial Kimura é contar de forma didática aos visitantes e escolares não somente a história de uma família de imigrantes, mas também, o processo de ocupação regional com a entrada dos trabalhadores introduzidos pela Companhia de Terras Norte do Paraná, a pré-história do lugar através dos objetos do sítio arqueológico localizado na propriedade e aspectos de preservação do meio ambiente através da recomposição da mata ciliar e racionalização dos recursos naturais. A história das primeiras ocupações locais, que chegaram a cerca de oito mil anos, é mostrada com os achados objetos arqueológicos líticos e cerâmicos, que fazem parte do acervo do Memorial Kimura.

Sobre a Família Kimura

Como não dispomos de fontes precisas, utilizamos as informações colhidas por Pedro Kobata no Japão e a memória dos mais antigos.

Ao que parece, não somos uma família típica japonesa, como tantas outras que aportaram no Brasil. Fomos cristãos-católicos num Japão feudal e, segundo consta, temos sangue ocidental. Kiyugoro, avô de Sangoro Kimura (nosso patriarca), era um náufrago russo. Não sabemos o nome de origem de Kiyugoro. Sabe-se, apenas, que era pescador, teve sua embarcação destroçada por uma tempestade e foi levado por uma corrente até a ilha onde habitavam os Kimuras. Possivelmente, tenha sido o cristianismo implantado e cultivado (mesmo diante da proibição) nas ilhas do sul do Japão, que possibilitou o acolhimento de um russo, teoricamente, um “inimigo”, naquela comunidade.

O cristianismo foi introduzido no Japão, no século XVI, pelo Jesuíta São Francisco Xavier. Com o fechamento de todos os portos pelo General Tokugawa no século XVII, esta doutrina, considerada subversiva à nação, foi proibida durante 250 anos, até meados do século XIX, quando o Japão reabriu suas portas.

Kiyugoro foi cuidado e adotado pela família Kimura (adepta do catolicismo) no arquipélago Goto. Casou-se com Yoshi Nakamura. Acredita-se que a opção religiosa dos Kimuras e o sangue ocidental, denunciado pelos traços físicos nos descendentes, fazia da família, vítima de muito preconceito no Japão. Este talvez tenha sido um dos motivos que os trouxeram ao Brasil, na década de 1920. Assim, diferente de outros imigrantes japoneses que vinham amealhar fortuna para um breve retorno à terra natal, os Kimuras vieram, antes de tudo, em busca de um novo lar. Kiyugoro e a esposa vieram ao Brasil com dois de seus nove filhos: Jinkichi e Hangoro, as esposas, Noi e Fuku (respectivamente) e filhos.

Chegaram a bordo do navio Tosa e a família foi empregada na Fazenda Floresta, mas, pouco depois, adquiriu a primeira propriedade em Cafelândia (SP). No interior paulista, Sangoro, terceiro filho de Jinkichi, casou-se com Natsu Kobata, também de família católica, que chegou ao Brasil em 1928, vinda de Tama-no-ura, outra ilha do arquipélago Goto. Do interior de São Paulo, a família se deslocou para uma colônia católica no Norte do Paraná, chamada Esperança, nos anos 30. Entre as décadas de 1940-50 os Kimuras vieram para a região de Maringá e, juntamente com as famílias Makiyama e Tominaga, fundaram a Cerâmica Floresta. Nos anos 50 iniciaram a construção desta casa que foi concluída em 1955.

As visitas devem ser agendadas pelo site https://memorialkimura.com.br/    ou fone: (44) 3224-1752

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