Museu Histórico de Santo Inácio
A missão do Museu Histórico de Santo Inácio é promover a proteção, preservação e valorização do patrimônio arqueológico e histórico dos indígenas Guarani, da Redução Jesuítica de Santo Inácio e da Colônia Indígena de Santo Inácio do Paranapanema no Município.
Conta com exposição de objetos arqueológicos, que contextualizam a ocupação humana do território, a história do Paraná Espanhol e da presença da Companhia de Jesus junto aos indígenas Guarani em Santo Inácio. Uma viagem que começa a mais de 6 mil anos antes do presente, ainda na pré-história com as populações caçadoras e coletoras, passa pelos indígenas Guarani, espanhóis, jesuítas, bandeirantes, portugueses até chegar 1879 com fim da Colônia Indígena do Paranapanema.
Faz parte do complexo arqueológico a visita ao Sítio Arqueológico, as margens do rio Paranapanema na confluência com o rio Santo Inácio e Laboratório Arqueológico, coordenado pela UEM
Pré-história do município
As 13 reduções fundadas pelos padres Jesuítas Castelhanos, onde, desde 1554, já existia as povoações oficiais espanholas de Ontiveros, Ciudad Real del Guaira e Vila Rica do Espírito Santo, encontramos a Redução de Santo Inácio Mini, localizado a esquerda do rio Santo Inácio, afluente do rio Paranapanema, e a Nossa Senhora de Loreto, capital da Missão Jesuíta de Guaíra, fundada em 1610, junto a foz do rio Pirapó no Paranapanema.
Foi ai que Montoya escreveu, em 1613, a “Arte y Vocabulário de la Lengua Guarani”, que serviu aos missionários para se entenderem com os povos indígenas que dominavam a região, e que foi, talvez, o primeiro livro escrito e impresso em terras da América.
Tudo corria tranqüilo, quando motivos políticos puseram espanhóis e portugueses em luta aberta em todos os pontos em que esses dois povos procuravam se estabelecer. Os bandeirantes Antônio Raposo Tavares e Manuel Preto à frente de poderoso exército arregimentado no interior da capitania de São Paulo, resolveram invadir a província de Guaíra e expulsar os castelhanos de suas posses. Sob o fragor da luta violência dos combates que então se travava, desapareceram, totalmente destruídas, as cidades de Vila Rica do Espírito Santo, Ontiveros e Ciudad Real de Guayra e as 13 reduções, dentre as quais a de Santo Inácio Mini, retirando-se, penosamente os missionários e índios aldeados, sobreviventes, para nunca mais voltarem.
Foi um dia de juízo final – diz o historiador Padre Montoya, na ocasião residente em Santo Inácio Mini – o abandono dessa redução. Foram lançados às águas revoltas e cachoeiras do rio Paranapanema mais de 3 (três) mil canoas indígenas, para transportarem os refugiados. A maioria delas naufragou ao transpor as terríveis corredeiras daquele rio. Após penosa viagem inçada das mais terríveis provações, chegaram os remanescentes da retirada ao baixo Paraná, dali se transportando às regiões dos Tapes no Rio Grande do Sul.
Assim ficou abandonada a erma e imensa redução de Santo Inácio, bem como as demais reduções e “pueblos” castelhanos erguidos na bacia do Paranapanema e na mesopotâmia do rio Piquiri-Ivaí, cujos domínios se estendiam do Paranapanema às margens barrentas do rio Paraná, ao acidente da extinta província paraguaia de Guaíra. De Santo Inácio Mini, como as demais reduções e cidades castelhanas, ficaram apenas alguns vestígios e as ruínas, no coração do sertão, reveladoras de um passado longínquo e grandioso.